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De Memorial Hanseníase
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'''Sinopse:''' Até 1986, os portadores de hanseníase eram internados compulsoriamente em colônias isoladas do convívio com a sociedade. Os filhos nascidos nesta época eram internados em preventórios, de onde alguns eram encaminhados para adoções irregulares ou simplesmente desapareciam. Este documentário traz depoimentos das várias gerações de hansenianos e filhos, abordando a época da separação obrigatória e as situações vividas nos orfanatos.
'''Sinopse:''' Até 1986, os portadores de hanseníase eram internados compulsoriamente em colônias isoladas do convívio com a sociedade. Os filhos nascidos nesta época eram internados em preventórios, de onde alguns eram encaminhados para adoções irregulares ou simplesmente desapareciam. Este documentário traz depoimentos das várias gerações de hansenianos e filhos, abordando a época da separação obrigatória e as situações vividas nos orfanatos.
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!Tempo
!Relato
!Vítima
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|00:19
|“Eu lembro  que nós nunca teve infância. O meu pai tinha, apareceu com a doença, aí ele  apareceu doente, aí acabou nossa vida.”
|Maria (filha)
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|00:50
|“Na  hora de brincar, eu lembro que a gente sentava em um banquinho, e ela falava  pras meninas assim ‘vocês não podem brincar junto com elas, porque vocês são  filhas de morféticos’. Eles não falavam leproso não, eles falavam morféticos.  Aí nos chegava em casa, contava pra mãe e a mãe chorava, chorava. Aí quando  descobriu que estava com a lepra, aqui rodô rodô. Tinha mais dois rapazes,  outra moça, mas esse não tava em casa, sabia, escondeu, fugiu. Nós duas pegou  e trouxe”
|Maria  (filha)
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|01:28
|“(inaudível)  foi pegar nós de caminhonete, eu lembro que nós não queria vir não. Mas eles  pegaram, a força, né? Trouxe, né? Aí eu lembro, que me arrastavam, que eu  olhava pra trás, eu me lembro dessa cena, que eu gritava e olhava pra casa  assim, eu ficava vendo assim, o quintal da gente, onde a gente brincava  tudo.”
|Eduarda  (filha)
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|01:49
|“Primeiro  teve a geração das pessoas que foram as pessoas que foram isoladas,  internadas compulsoriamente, né? Pessoal da década de vinte até a década de  oitenta. A gente considera essa como a primeira geração. A segunda geração  são aqueles filhos, dos ex pacientes de hanseníase que foram também  segregados em creches, educandários, preventórios, no tempo não podia  conviver com seus pais nas colônias, então a gente chama segunda geração. A  terceira geração, é como eu, que sou um filho de ex paciente de hanseníase,  que foram internados compulsoriamente, segregados, mas que não pegaram nenhum  tempo de segregação, nem dos pais e nem precisou ser isolado  compulsoriamente, já podiam conviver com seus pais, dentro da colônia.”
|Thiago  (filho)
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|02:25
|“Eu  trabalhava em casa de família e eu tive uma frebe muito grande, saía uns  caroços. Aí a minha patroa me levou no Hospital das Clínicas em São Paulo e  lá foi perto que eu tava com essa doença. Aí o médico não deixou eu voltar  pra casa da minha patroa e mandou que ela queimasse tudo que tinha meu lá.  Que dali eu já ia ser internada. Aí quando eu engravidei que eu tive meu  filho em Bauru. Aí eu tive ele à noite e seis horas da manhã já levaram pra  creche em São Paulo.
|Rosa  (ex-interna de colônia)
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|03:08
|“Foi  primeiro, foi minha mãe. Aí a gente fez os exames, descobriu que a gente  também tava no meio também. Aí eu fiquei uns tempos, na observação, tem um  lugar ali na colônia que se chama observação, a gente ficou ali uma  temporada, dali que a gente foi para o preventório. Lembro direitinho a  colônia, por exemplo, a colônia. Ali tinha aí gente igual formiga, lembro  direitinho, hoje não tem ninguém, né? Mas tinha gente mesmo, né? Muita gente.  E na observação também era uma criançada.”
|Aquiles  (filho)
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|03:54
|“Entrei  na escola, mas logo começou aparecer o sintoma da doença e começou eu a ser  rejeitado, né? A gente vinha de escola de roça, o pessoal, pouca gente,  então, não era muito bem-visto.”
|Geraldo  (ex-interno de colônia)
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|04:12
|“Então  a pessoa tem no imaginário que a questão da hanseníase, a questão da lepra  bíblica, de não como uma doença, mas como a opção, de uma doença que cai  pedaço, uma doença que é pra pecador. Então, essa, essa questão do  preconceito, é fruto da falta de informação.”
|Thiago  (filho)
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|04:28
|“Logo  em seguida, depois de mim, aí o meu irmão mais velho, né? Aí, apareceu com o  mesmo sintoma aí, logo internaram ele aí, ai viram que eu também tinha o  mesmo problema do meu irmão.”
|Geraldo  (ex-interno de colônia)
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|04:40
|“Eu  nasci aqui na colônia de Santa Fé, né? Nasci aqui e depois, aí não podia mais  ficar a criança aqui naquela época, né? A minha mãe me teve na maternidade,  tudo, e logo em seguida eu fui tirada dos braços da minha mãe, nem dei a  primeira mamada, vamos dizer assim, né? Aí logo que eu nasci, aí eu fui pro  preventório Olegário Maciel, lá em Varginha.”
|Rosilene  (filha)
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|05:10
|“Nasci  na colônia (inaudível), só me lembro que eu tava numa creche, (inaudível)  Juiz de Fora. Depois, me lembro que eu tava morando com um casal de médicos  no Rio de Janeiro, a gente ia diariamente pra praia, né? Tinha um empregado e  isso eu fiquei lá três anos, depois eu não sei quando a minha mãe me  descobriu, né? Não sei como, ela não contou pra mim. Aí lá fiquei conhecendo  minha mãe, era pequenininho, né? Fiquei conhece a minha mãe. Aí nós viemos de  trem, descemos aqui em Mário Campos e colocou dentro de um saco, que eu não  podia, a criança não podia entrar, né? Os guardas deu cobertura, só tem que  minha mãe falar assim ó, não pode ficar conversando não, porque aqui criança  não pode entrar não. Aí foi lá, passar pelos guarda e falaram ‘o que isso aí  dona Osvaldinha? Isso é um porco’ não ri não.”
|Moacir  (filho)
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|06:16
|“E  muitas dessas crianças foram dadas para adoção, adoções até muitas vezes  ilegais, até contra a vontade dos pais, sem até os pais saberem. Na verdade,  falava com para os pais que a criança tinha morrido, que não tinha  sobrevivido, mas na verdade essa criança era dada pra adoção.”
|Thiago  (filho)
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|06:30
|“Porque  lá nesse orfanato Pinorama era assim, chegava certa idade, vinha, as pessoas  americanas, de longe, vinha outras pessoas que a gente não conhecia, falava  que queria pegar aquela criança, como fosse filho deles adotivo. Só que não  existia, só falavam, mas não existia esse filho adotivo. Era pra ser  empregada deles. Aí eu fui para uma casa lá perto do orfanato, que a mulher  falou que queria eu como filha. Só que ao chegar lá, eles me trataram como  fosse um cachorro, me jogaram lá na garagem, eu dormiam na garagem, não tinha  alimentação direito, eu só podia comer só depois deles se sobrasse, se caso  não sobrasse, porque eles fazia conta certo pra eles, eles não contavam  comigo. Aí se não sobrasse, o que eu tinha que fazer pra não passar  necessidade. Eu tinha que juntar aquela comida do prato deles, colocar em um  e comia aquela comida que era resto deles.”
|Juraci  (filha)
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|07:27
|“  Eu acho que eles até davam pros outros, sempre (inaudível) criança lá, ia  buscar a gente lá. Ah, fulano de tal, vai embora. Sumia outro. Ah, o outro  vai embora. A gente não sabia se era parente deles, que ia buscar ou se era.”
|Maria (filha)
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|07:41
|“Porque  aqui mesmo, eu tinha uma colega minha que morreu esses tempinhos. E ela era  doida pra descobrir aonde foi os dois filhos dela, que era da época que nós  tava lá, né?”
|Eduarda  (filha)
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|07:50
|“Meu  irmão mesmo, teve três filho e foi pro preventório, morreu, porque nem viu  não, porque na época não era internado, eles nasciam, já separavam do pai,  levava para o preventório, aí depois morria, e só avisava que morreu, mas  nem.”
|Geraldo  (ex-interno de colônia)
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|08:06
|“Sei  lá, eu pra mim, eles deram meus irmão, os meus outros irmãos, né? Arrumava um  atestado de óbito, falso lá, sei lá, que hoje é a coisa mais fácil do mundo  fazer isso.”
|Rosilene  (filha)
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|08:18
|“Mas  é assim, né? Nessa situação não é só meu irmão não, muitas pessoas, né? Que  mandou os filhos, que os filhos morreu, e eles nem ficou sabendo se se isso  era verdade ou não era.”
|Geraldo  (ex-interno de colônia)
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|08:30
|“Porque  teve muitos que sumiram, né? Sumiram. Aqueles que eles gostavam. Que  americano gostava, alguém gostava, falava que tinha morrido, mas não tinha  morrido.” 
|Juraci  (filha)
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|08:39
|“E  eu tinha minha irmã, que era a coisinha mais linda do mundo, eu tinha uma  fotinha dela até pouco tempo atrás. Era a coisinha mais linda do mundo. Nunca  mais eu sei dela. Nunca mais. Ela sumiu. Sabe? Como, virou fumaça. Éramos  para ser em sete irmãos. O meu (inaudível) contava que chorava dia e noite,  porque já tinha perdido vários filhos lá.”
|Rosilene  (filha)
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|09:02
|“Eu  já não suportava mais, apanhava muito, eles me colocavam muito de castigo,  não me dava alimentação. Então eu passava necessidade. Foi aonde que eu fugi  dali, voltei pra orfanato, chegando no orfanato, encontrei com a assistência  social, que era a Dalva, eu não esqueço o nome dela, que era a Dalva, falei  pra ela, porque só tinha voltado. Foi aonde que eu fiquei. Eu ganhei a boneca  no meu aniversário, que antigamente lá, por mês, pegava aquelas crianças que  fazia aniversário por mês, juntava, escolhia o presente e dava. Foi aonde que  eu escolhi a minha boneca, né? A Mist foi cortou os dedos dela todinho,  embrulhou e me entregou. Quando eu fui abrir, achando que eu tava toda feliz  com a boneca, quando eu fui abrir, quando eu vi a mão dela cortada, foi uma  decepção, chorei demais. Os menino chamavam minha mãe de leprosa, minha  família leprosa, me chamaram de leprosa.”
|Juraci  (filha)
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|09:52
|“Palmatoria  mesmo, colocava a gente em um quartinho. O quartinho era tudo eu. Tudo assim,  parece que uma estufa. Estufa não, parece que tinha uma espuma, eles dava  cachetada mesmo, sem dó mesmo, sabe? Não gosto de irmã não. Não gosto mesmo.”
|Moacir  (filho)
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|10:11
|“Eu  tinha pouca idade, mas, tem tanta coisa. A gente comia lavagem, a gente comia  comida podre, a gente comia fruta, a gente tinha que entrar na horta dos  outros pra comer. Eles davam remédio pra pra gente dormir, pra não perturbar  o sono deles. Ah, banho, era banho gelado.”
|Rosilene  (filha)
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|10:31
|“Me  lembro que eu ia dormir, aí eu tinha um problema que saia sangue do meu  nariz. Aí eu gritava, (inaudível), ai eu falava ‘ah meu nariz tá saindo  sangue’ e ela falava ‘é assim mesmo, vai dormir’. Ai cedo eu levantava,  estava tudo molhado de sangue assim, o cabelo todo duro (por causa do  sangue). Ai ela olhava e falava assim ‘vai lava no banheiro’, que eu ia lá  lavar naquela água fria, né?”
|Eduarda  (filha)
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|10:57
|“Cê  imagina quem completou dezoito anos lá, sofreu demais.”
|Moacir  (filho)
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|11:01
|“Mas  o pessoal que viveu lá muito há muitos anos, saía de lá com quinze, dezesseis  anos. Essa turma aí sofreu mais do que a gente que viveu lá há pouco tempo.”
|Rosilene  (filha)
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|11:12
|“Lá  a gente apanhava, o Salomão me bateu na minha cara, eu falei para ele que ele  não podia me bater porque não era meu pai, ele foi me deu outro tapa na minha  cara e me colocou de castigo, como eu e outras crianças. Nos passamos muita,  muita coisa, muita tristeza.”
|Juraci  (filha)
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|11:31
|“Tinha  um lugar lá que eles falavam que a gente não podia atravessar e eu travessei  com uns colega meu lá. Comecei a ficar uma semana preso aqui, né? Só  cachetada. Depois vem a comidinha procê assim ó, cê comia.”
|Moacir  (filho)
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|11:46
|“Que  os filhos, crianças que foram separados dos pais, elas tem mais transtornos,  mais danos psicossociais que os próprios ex pacientes de hanseníase”
|Thiago  (filho)
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|12:57
|“Elas  possuem os mesmos problemas que os ex pacientes possuem, têm os mesmos  traumas, as mesmas dificuldades. Tem além deles, por exemplo, tem a questão  de abusos sexuais dentro da instituição, tem questão de falta de  escolaridade, não tiveram oportunidade de estudar, tem questão de falta de  moradia, falta de emprego, falta de renda. Tem a questão da descriminação  dentro da própria colônia com eles.”
|Thiago  (filho)
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|13:17
|“(inaudível)  Então nessa capela, as pessoas morriam e ia pra capela. Aí o enterro, a gente  não sabe como eles faziam. (inaudível) trazia para enterrar na cidade.  (inaudível) A gente era criança, as vezes a gente tinha que ir lá em cima,  quando tinha uma luz acessa a gente passava morrendo de medo, (inaudível), ai  tem criança morto, a luz ta acessa.”
|Maria  (filha)
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|14:00
|“Ali  eu não sei se eles achou que eu tinha ideia boa para aprender alguma  profissão. Mas me puseram para aprender a profissão de sapateiro. Mas eu não  trabalhava só, a gente trabalhava na horta de verdura também, (inaudível).”
|Aquiles  (filho)
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|14:20
|“Quando  eu já tava com uns dez, não, nove anos para dez, aí quando dava meio-dia até  cinco horas tinha que passar roupa, com ferro no braço, até quase quinze anos  passando roupa. Porque lá tinha muito neném, dos pequeninhos, dava as  roupinhas assim e você tinha que passa, né? Então não era só eu não, tinha  muitas meninas mas elas ficavam até a tarde inteira.”
|Eduarda  (filha)
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|14:45
|“Lá  no preventório, lá a gente fazia (inaudível), era serviço interno para lá  mesmo, não fazia serviço para fora não, porque tinha muita criança lá, né?”
|Aquiles  (filho)
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|15:02
|“E  essas crianças não tiveram essa oportunidade de formar essa personalidade,  porque elas estavam agrupadas, as centenas em instituições com poucos  funcionários. Então, muitas vezes essas crianças eram sedadas, né? Com  (inaudível), antidepressivos, para que elas ficassem quietas. E isso acarreta  prejuízos até hoje na vida delas”
|Thiago  (filho)
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|15:20
|“  Umas trezentas crianças tinha, viu? Mas bem, entre homem e mulher.”
|Aquiles  (filho)
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|15:28
|“Então,  eu trabalhava na creche, tomava conta trinta, quarenta crianças, sozinha. Era  umas seis pessoas que trabalhava (inaudível), né? Quando era hora de dá banho  nas crianças, ela enchia uma bacia grandona, um de cimento assim, punha água  ali, dava água nas crianças. Ali, aqueles que tomando banho primeiro, com a  água limpa ia tomando. Quando ia ficando aquela agua bem suja, aí soltava  aquela e punha outra. Mas, dois, dois tamborzinhos daquele dava pra lavar, ó,  umas vinte crianças”
|Maria  (filha)
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|16:05
|“Aí  eles enchia a combi de criança e levava na policlínica em São Paulo e era  marcado o nome das mães e dos filhos que iria ao encontro. Aí eles colocavam  o meu. Eu deixava todas as mãe pegar os filhos, o que sobrasse eu saberia que  era o meu. Foi assim que eu conheci ele.”
|Rosa  (ex-interna de colônia)
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|16:31
|“Às  vezes vinha um caminhão, põe umas menina dentro, (inaudível), a gente via de  longe.”
|Eduarda  (filha)
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|16:39
|“Que  tinha aqui na colônia, que tinha um paredão de concreto. Então, os pais do  lado de cá e os filhos do lado de lá, não podiam nem tocar naquela época.”
|Rosilene  (filha)
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|16:48
|“As  vezes, meu pai pegava, via nós, e nós queria um trocado, assim, mas lá não  tinha nada pra comprar, porque lá era uma escravidão. Aí tinha que passar o  dinheiro na mão de um, depois na mão de outro, depois, põe na mão da gente,  né?”
|Eduarda  (filha)
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|17:01
|“Então,  eles vinham, né, visitar os pais, mas tinham que ficar só conversando. Não  podia pegar na mão, não podia abraçar, não podia beijar, não podia fazer nada  disso. Eu peguei, de uma certa forma, eu acho que eu peguei uma época até  mais ou menos boa.”
|Rosilene  (filha)
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|17:18
|“Eu,  com uma amiga que também já tinha um filho lá, mas ela não tinha o direito de  ver, ela nunca tinha ido ver e como eu fazia tudo isso pra ver o meu filho,  ela foi comigo, aí nós fomos as duas presa, quando voltamos.”
|Rosa  (ex-interna de colônia)
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|17:36
|“Cheguei  aqui na colônia um, um escuro, ó. Aí fiquei dentro de casa uma semana preso,  não podia sair para lugar nenhum. Eu doido pra sair, não saía. Aí um dia me  deu na telha, eu saí. Minha mãe não viu não. Ô, pra que. Tomei uma surra. Aí  começou as outras mãe falar, né? Se ele pode então vou trazer o meu também.  Aí começou, virou aquela polêmica. né? Por sinal, então vou levar ele pra  Belo Horizonte, na casa da minha irmã. Aí fui para Belo Horizonte e lá  fiquei. Meus colegas falavam assim ‘o que sua mãe tem no pé? na mão?’ ‘Ah,  foi trem’ Eles mandaram falar isso, né? Ela foi atravessar a linha do trem e  cortou o pé dela’.”
|Moacir  (filho)
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|18:19
|“Então,  cê pega uma história para fazer um comparativo, assim, muito rápido, a  história do nazismo, né? As crianças lá podiam conviver com seus pais, mesmo  no campo de concentração, na Colônia nem as crianças podiam conviver com suas  famílias. Então são histórias bem pesadas, né? Então a gente está falando,  assim, de um de uma coisa recente, da década de oitenta. Estamos falando aí  de coisa de trinta anos atrás. E é totalmente desconhecida da população.”
|Thiago  (filho)
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|18:45
|“Aí  quando eu fiz dezoito anos, onde que eu fui conhecer a Colômbia Santa Isabel,  foi aonde que eu fui atrás dos meus pais, né? E eu passando na rua pra vim  pra cá, minha mãe passou perto, uma senhora passou perto de mim, eu não sabia  que era minha mãe, eu só conheci quando chegou numa casa aqui perto do  pavilhão, onde ela ia vez em quando. Ai foi ali que eles me apresentaram quem  era minha mãe.”
|Juraci  (filha)
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|19:12
|“Aí  chegou a freira falou ‘Maria tem uma senhora aí que vieram dar, vai vocês  embora’ Ai mas a gente chorou tanto? Porque nós gostava das companheiras, das  irmãs, porque a gente tava acostumada. (Inaudível) Vai lá. Aí eu lembro que  eu tava trabalhando na creche e tinha uma pia, aí eu pus uma cadeira, subi na  pia, da pia dava para ver a portaria. Aí eu vi aquela mulher lá na portaria,  tinha uma roupa preta, de transa, eu achei esquisito, não imagina que  lembrava que era a mãe. Tinha perdido a feição dela.”
|Maria  (filha)
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|19:47
|“Foi  me buscar de carro com a minha mãe e o meu pai. Hoje ele é meu padrasto. Ele  foi casado com a minha mãe. E ele conta que também o que viu, eu sai de lá  toda suja. Nossa, magrinha. Nossa, muito maltratada. Minha mãe chorava dia e  noite, né? Aí o meu pai correu pra construir uma casa ali na cidade, ali em  Três Corações, pra me tirar de lá, pra gente morar lá pra viver feliz, porque  aqui não podia crianças naquela época.
|Rosilene  (filha)
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|20:20
|“Tem  muita gente que agora que tá parecendo, não aparecia não, agora tá aparecendo  os parente.”
|Geraldo  (ex-interno de colônia)
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|20:26
|“Hoje  eu posso dizer, hoje eu tô dentro da Colônia Santa Isabel, amo esse lugar.  Felizmente. Meus pais não gosta de mim. Meus irmãos são separados. Um mora em  BH, outro eu nem conheço. Tem outros irmãos que eu nem sei quem são direito.”
|Juraci  (filha)
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|20:53
|“Mas  eu não tive aquele apego de mãe. Sabe falar assim ‘ai, eu amo minha mãe’. Ela  parece que nunca demonstro amor por nós também. Ela gostava dos menino, né  Eduarda. Ela gostava muito dos filhos homem. Eu criei sete ou oito filho,  minha mãe nunca deu um banho numa criança pra mim, nunca me deu um chá na  cama. Nunca me deu um chá pra mim, nunca pegou um filho meu no colo, pelo  menos assim. Nunca minha mãe pos um filho meu no colo.”
|Maria  (filha)
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|21:27
|“Eu  não cheguei a morar com a minha mãe. Já, desde que eu comecei a minha vida  por conta própria lá no educandário, já comecei por conta própria  trabalhando, né? E logo casei, acho que nunca apareceu essa doença em mim,  sou filho de doente, né. Mas acho que nunca deu, parecer (inaudível) qualquer  coisa.”
|Aquiles  (filho)
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|21:57
|“Infelizmente,  a gente não consegue emprego fora daqui porque as pessoas têm, quando a gente  fala Colônia Santa Isabel, eles têm preconceito ainda, tem medo ainda. Então,  fica difícil até pra gente.”
|Juraci  (filha)
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|22:10
|“Teve  tempo que pessoas, corria da gente ali da Colônia. Oh meu Deus do céu. Hoje  não, hoje eles tão andando no nosso meio aí.”
|Aquiles  (filho)
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|22:18
|“Porque nós nunca pensamos que um dia a  sociedade ia chegar até nós. Nós não podia nem entrar numa loja pra comprar  uma roupa. Até hoje não é na mão de todo mundo que nós pega, não é eles com  medo da gente. É a gente com medo de ser rejeitada.”
|Rosa  (ex-interna de colônia)
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|22:39
|“Então,  esse é o papel da Morhan, porque a doença é muito fácil, qualquer posto de  saúde trata, o preconceito aí é parte do movimento social.”
|Thiago  (filho)
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|22:10
|“Então,  a minha história é essa, realmente, é complicado, é triste falar disso,  depois de tantos anos, a gente relembrar de tudo que a gente viveu.”
|Rosilene  (filha)
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|22:59
|“Revolta  a gente tem, porque a gente foi separado, a gente queria viver com os pais,  sentir com calor, o carinho deles entendeu? Hoje eu sei que que é isso,  porque hoje eu tenho meus filhos.”
|Juraci  (filha)
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=== O Educandário Alzira Bley como lugar de memória ===
=== O Educandário Alzira Bley como lugar de memória ===

Edição das 06h22min de 14 de setembro de 2022

Audiências Públicas

Audiência Pública da DPU com os filhos separados pelo isolamento compulsório da hanseníase

Audiência Pública da DPU com os filhos separados pelo isolamento compulsório da hanseníase

Sinopse: Filhos separados por política de segregação do estado brasileiro contam sua história à Defensoria Pública da União.

Curtas-metragens

Depoimento das Vítimas

Filhos Separados pela Injustiça

Sinopse: O curta-metragem documental “Filhos Separados pela Injustiça”, rodado em três municípios de Minas Gerais, depoimentos na ordem de aparição no documentário: Maria Aparecida Domingos, Isaltina Maria Pereira, Pedro de Paula Costa, Maurício de Tarso Pereira de Jesus, Perina Maria de Vasconcelos, José Raimundo Rodrigues, Maria Luiza da Silva, Paulo Jeova Navarro Queiroz.

Infância Roubada – Memórias de filhos separados dos pais atingidos pela hanseníase

Link para o vídeo

Sinopse: O vídeo “Infância Roubada – Memórias de filhos separados dos pais atingidos pela hanseníase” foi produzido pela Defensoria Pública da União com o apoio do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan). A peça audiovisual faz um retrato das consequências da política pública de combate à doença em vigor até meados dos anos 1980, que forçou a separação de famílias inteiras.

Tempo Relato Vítima
0:09 “Tem dia que eu sonho com isso, eu lembro assim: ela saiu montada em um cavalo, ele a pé e nós ficamos na porta chorando, eu lembro dessa cena” Aureniva Pereira Flores
00:37 “Nunca conheci meus avôs, minhas avós. Nunca tomei benção do meu pai” Benedito Ribeiro Junior
00:40 “Hoje eu agradeço a deus, eu não tive infância, não tive juventude, não tive nada” Aureniva Pereira Flores
00:56 “Eu nasci aqui na colônia Santa Isabel, com quatro anos me levaram pro preventório de São Tarcísio” Maria das Dores Moreiraz
01:04 “Eu fui em 17 de novembro de 59. Aí, quando foi em julho, eu fiz 12 anos” Aureniva Pereira Flores
01:12 “Pra eles, nós erámos animais, era ‘filhos de leprosos’ que eles falavam antigamente. Hoje tem como falar hanseníase, né. Mas a gente era muito julgado. Quando falava ‘leproso’, doía mais na gente ainda” Maria Luiza Silva
01:22 “Eu não gostava daquele orfanato de jeito nenhum, porque quem nasce e vai para lá é uma coisa, mas eu já tinha minha noção, né. Pra mim, era uma prisão” Aureniva Pereira Flores
01:33 “Tinha que ver a gente ali andando na linha com eles, aquilo ali era tudo para eles. E ai se a gente saísse da linha, que o palmatorio comia” Maria Luiza Silva
01:41 “Ai ela falou com nós assim: vocês estão pensando que nós vamos dar amor e carinho para vocês? Nós não vamos dar não. Nem amor e nem carinho, não. Nós vamos bater em vocês.’ Já falou desse jeito no primeiro dia” Maria das Dores Moreira
02:00 “Toda vez que minha mãe ia lá, lá tinha um muro e no muro tinha uma grade. Ai, as mães ficavam de um lado e os filhos de outro” Aureniva Pereira Flores
02:12 “Deixava nós na frente de todo mundo. Às vezes, nem era meu pai. Falava ‘aquele ali é seu pai, pode sair’” Benedito Ribeiro Junior
02:16 “Toda vez que ela ia, eu gritava” Aureniva Pereira Flores
02:19 “Fica comigo, mamãe. Tira eu daqui” Maria Luiza Silva
02:21 “E a resposta que ela tinha pra mim era chorar” Aureniva Pereira Flores
02:32 “Ai, com os homens, era assim: completava 18 anos, eles tinham que sair e se virar. Nós tínhamos que arrumar uma família para nos tirar” Maria das Dores Moreira
02:46 “Porque lá eles escolhiam, né. Pegavam aquelas mais bonitinhas. Dava pros outros. Precisava nem pai nem mãe ficar sabendo, eles davam” Aureniva Pereira Flores
02:56 “Com 15 anos, veio uma família me buscar. Falou que ia ser “como uma filha” Maria das Dores Moreira
03:05 “Ganhei uma mãe, ganhei um pai” Maria Luiza Silva
03:07 “Como filha?” Maria das Dores Moreira
03:09 “Você não pega o prato da fulana, não. Porque o seu já está separado lá no almoxarifado. Come depois que a gente for comer. Não se mistura com nós” Maria Luiza Silva
03:20 "Ainda tem muita gente nossa na sequela, que tá no vicio alcoólico. Devido a revolta, né.” Benedito Ribeiro Junior
03:27 “A minha irmã, os problemas que ela era nervosa do jeito que era, era isso, né” Aureniva Pereira Flores
03:34 “Hoje você não consegue um emprego, hoje eu sou uma menina que tem um sonho de trabalhar, de ter meu dinheiro” Maria Luiza Silva
03:41 “A gente conta a história, tem gente que não acredita não. Fala que nós estamos inventando.” Maria das Dores Moreira
04:06 “Acho que se cria junto com a mãe, tudo... era diferente. Carinho de mãe supre tudo, né?” Aureniva Pereira Flores

Filhos Separados pela Injustiça

Link para o vídeo

Sinopse: No Brasil do século XX, o Estado desenvolveu uma política que isolou do convívio social pessoas atingidas pela hanseníase e promoveu a separação de seus filhos, embora a doença tenha tratamento desde a década de 1940. Essa história, pouco discutida no país apesar de ter atingido milhares de pessoas até a década de 1980, é a temática do curta-metragem documental “Filhos Separados pela Injustiça”, rodado em três municípios de Minas Gerais, com direção de Elizabete Martins Campos.

Depoimentos

Minha história (Maria Luiza Vieira)

Minha história (Maria Luiza Vieira)

Sinopse: História da Sra. Maria Luiza Vieira, que foi internada no educandário Santa Maria, quando tinha apenas sete para oito anos.

Documentários

Filhos afastados de pais com hanseníase buscam reparação do Estado brasileiro

Filhos afastados de pais com hanseníase buscam reparação do Estado brasileiro

Sinopse: Por muitos anos, crianças filhas de pais hansenianos foram separadas das famílias e levadas para adoção. Marcadas pelos danos sofridos, elas querem que o governo brasileiro promova a reparação do erro. Projeto em análise no Congresso concede pensão especial a essas pessoas.

Filhos Separados

Filhos Separados

Sinopse: Até 1986, os portadores de hanseníase eram internados compulsoriamente em colônias isoladas do convívio com a sociedade. Os filhos nascidos nesta época eram internados em preventórios, de onde alguns eram encaminhados para adoções irregulares ou simplesmente desapareciam. Este documentário traz depoimentos das várias gerações de hansenianos e filhos, abordando a época da separação obrigatória e as situações vividas nos orfanatos.

Tempo Relato Vítima
00:19 “Eu lembro que nós nunca teve infância. O meu pai tinha, apareceu com a doença, aí ele apareceu doente, aí acabou nossa vida.” Maria (filha)
00:50 “Na hora de brincar, eu lembro que a gente sentava em um banquinho, e ela falava pras meninas assim ‘vocês não podem brincar junto com elas, porque vocês são filhas de morféticos’. Eles não falavam leproso não, eles falavam morféticos. Aí nos chegava em casa, contava pra mãe e a mãe chorava, chorava. Aí quando descobriu que estava com a lepra, aqui rodô rodô. Tinha mais dois rapazes, outra moça, mas esse não tava em casa, sabia, escondeu, fugiu. Nós duas pegou e trouxe” Maria (filha)
01:28 “(inaudível) foi pegar nós de caminhonete, eu lembro que nós não queria vir não. Mas eles pegaram, a força, né? Trouxe, né? Aí eu lembro, que me arrastavam, que eu olhava pra trás, eu me lembro dessa cena, que eu gritava e olhava pra casa assim, eu ficava vendo assim, o quintal da gente, onde a gente brincava tudo.” Eduarda (filha)
01:49 “Primeiro teve a geração das pessoas que foram as pessoas que foram isoladas, internadas compulsoriamente, né? Pessoal da década de vinte até a década de oitenta. A gente considera essa como a primeira geração. A segunda geração são aqueles filhos, dos ex pacientes de hanseníase que foram também segregados em creches, educandários, preventórios, no tempo não podia conviver com seus pais nas colônias, então a gente chama segunda geração. A terceira geração, é como eu, que sou um filho de ex paciente de hanseníase, que foram internados compulsoriamente, segregados, mas que não pegaram nenhum tempo de segregação, nem dos pais e nem precisou ser isolado compulsoriamente, já podiam conviver com seus pais, dentro da colônia.” Thiago (filho)
02:25 “Eu trabalhava em casa de família e eu tive uma frebe muito grande, saía uns caroços. Aí a minha patroa me levou no Hospital das Clínicas em São Paulo e lá foi perto que eu tava com essa doença. Aí o médico não deixou eu voltar pra casa da minha patroa e mandou que ela queimasse tudo que tinha meu lá. Que dali eu já ia ser internada. Aí quando eu engravidei que eu tive meu filho em Bauru. Aí eu tive ele à noite e seis horas da manhã já levaram pra creche em São Paulo. Rosa (ex-interna de colônia)
03:08 “Foi primeiro, foi minha mãe. Aí a gente fez os exames, descobriu que a gente também tava no meio também. Aí eu fiquei uns tempos, na observação, tem um lugar ali na colônia que se chama observação, a gente ficou ali uma temporada, dali que a gente foi para o preventório. Lembro direitinho a colônia, por exemplo, a colônia. Ali tinha aí gente igual formiga, lembro direitinho, hoje não tem ninguém, né? Mas tinha gente mesmo, né? Muita gente. E na observação também era uma criançada.” Aquiles (filho)
03:54 “Entrei na escola, mas logo começou aparecer o sintoma da doença e começou eu a ser rejeitado, né? A gente vinha de escola de roça, o pessoal, pouca gente, então, não era muito bem-visto.” Geraldo (ex-interno de colônia)
04:12 “Então a pessoa tem no imaginário que a questão da hanseníase, a questão da lepra bíblica, de não como uma doença, mas como a opção, de uma doença que cai pedaço, uma doença que é pra pecador. Então, essa, essa questão do preconceito, é fruto da falta de informação.” Thiago (filho)
04:28 “Logo em seguida, depois de mim, aí o meu irmão mais velho, né? Aí, apareceu com o mesmo sintoma aí, logo internaram ele aí, ai viram que eu também tinha o mesmo problema do meu irmão.” Geraldo (ex-interno de colônia)
04:40 “Eu nasci aqui na colônia de Santa Fé, né? Nasci aqui e depois, aí não podia mais ficar a criança aqui naquela época, né? A minha mãe me teve na maternidade, tudo, e logo em seguida eu fui tirada dos braços da minha mãe, nem dei a primeira mamada, vamos dizer assim, né? Aí logo que eu nasci, aí eu fui pro preventório Olegário Maciel, lá em Varginha.” Rosilene (filha)
05:10 “Nasci na colônia (inaudível), só me lembro que eu tava numa creche, (inaudível) Juiz de Fora. Depois, me lembro que eu tava morando com um casal de médicos no Rio de Janeiro, a gente ia diariamente pra praia, né? Tinha um empregado e isso eu fiquei lá três anos, depois eu não sei quando a minha mãe me descobriu, né? Não sei como, ela não contou pra mim. Aí lá fiquei conhecendo minha mãe, era pequenininho, né? Fiquei conhece a minha mãe. Aí nós viemos de trem, descemos aqui em Mário Campos e colocou dentro de um saco, que eu não podia, a criança não podia entrar, né? Os guardas deu cobertura, só tem que minha mãe falar assim ó, não pode ficar conversando não, porque aqui criança não pode entrar não. Aí foi lá, passar pelos guarda e falaram ‘o que isso aí dona Osvaldinha? Isso é um porco’ não ri não.” Moacir (filho)
06:16 “E muitas dessas crianças foram dadas para adoção, adoções até muitas vezes ilegais, até contra a vontade dos pais, sem até os pais saberem. Na verdade, falava com para os pais que a criança tinha morrido, que não tinha sobrevivido, mas na verdade essa criança era dada pra adoção.” Thiago (filho)
06:30 “Porque lá nesse orfanato Pinorama era assim, chegava certa idade, vinha, as pessoas americanas, de longe, vinha outras pessoas que a gente não conhecia, falava que queria pegar aquela criança, como fosse filho deles adotivo. Só que não existia, só falavam, mas não existia esse filho adotivo. Era pra ser empregada deles. Aí eu fui para uma casa lá perto do orfanato, que a mulher falou que queria eu como filha. Só que ao chegar lá, eles me trataram como fosse um cachorro, me jogaram lá na garagem, eu dormiam na garagem, não tinha alimentação direito, eu só podia comer só depois deles se sobrasse, se caso não sobrasse, porque eles fazia conta certo pra eles, eles não contavam comigo. Aí se não sobrasse, o que eu tinha que fazer pra não passar necessidade. Eu tinha que juntar aquela comida do prato deles, colocar em um e comia aquela comida que era resto deles.” Juraci (filha)
07:27 “ Eu acho que eles até davam pros outros, sempre (inaudível) criança lá, ia buscar a gente lá. Ah, fulano de tal, vai embora. Sumia outro. Ah, o outro vai embora. A gente não sabia se era parente deles, que ia buscar ou se era.” Maria (filha)
07:41 “Porque aqui mesmo, eu tinha uma colega minha que morreu esses tempinhos. E ela era doida pra descobrir aonde foi os dois filhos dela, que era da época que nós tava lá, né?” Eduarda (filha)
07:50 “Meu irmão mesmo, teve três filho e foi pro preventório, morreu, porque nem viu não, porque na época não era internado, eles nasciam, já separavam do pai, levava para o preventório, aí depois morria, e só avisava que morreu, mas nem.” Geraldo (ex-interno de colônia)
08:06 “Sei lá, eu pra mim, eles deram meus irmão, os meus outros irmãos, né? Arrumava um atestado de óbito, falso lá, sei lá, que hoje é a coisa mais fácil do mundo fazer isso.” Rosilene (filha)
08:18 “Mas é assim, né? Nessa situação não é só meu irmão não, muitas pessoas, né? Que mandou os filhos, que os filhos morreu, e eles nem ficou sabendo se se isso era verdade ou não era.” Geraldo (ex-interno de colônia)
08:30 “Porque teve muitos que sumiram, né? Sumiram. Aqueles que eles gostavam. Que americano gostava, alguém gostava, falava que tinha morrido, mas não tinha morrido.”  Juraci (filha)
08:39 “E eu tinha minha irmã, que era a coisinha mais linda do mundo, eu tinha uma fotinha dela até pouco tempo atrás. Era a coisinha mais linda do mundo. Nunca mais eu sei dela. Nunca mais. Ela sumiu. Sabe? Como, virou fumaça. Éramos para ser em sete irmãos. O meu (inaudível) contava que chorava dia e noite, porque já tinha perdido vários filhos lá.” Rosilene (filha)
09:02 “Eu já não suportava mais, apanhava muito, eles me colocavam muito de castigo, não me dava alimentação. Então eu passava necessidade. Foi aonde que eu fugi dali, voltei pra orfanato, chegando no orfanato, encontrei com a assistência social, que era a Dalva, eu não esqueço o nome dela, que era a Dalva, falei pra ela, porque só tinha voltado. Foi aonde que eu fiquei. Eu ganhei a boneca no meu aniversário, que antigamente lá, por mês, pegava aquelas crianças que fazia aniversário por mês, juntava, escolhia o presente e dava. Foi aonde que eu escolhi a minha boneca, né? A Mist foi cortou os dedos dela todinho, embrulhou e me entregou. Quando eu fui abrir, achando que eu tava toda feliz com a boneca, quando eu fui abrir, quando eu vi a mão dela cortada, foi uma decepção, chorei demais. Os menino chamavam minha mãe de leprosa, minha família leprosa, me chamaram de leprosa.” Juraci (filha)
09:52 “Palmatoria mesmo, colocava a gente em um quartinho. O quartinho era tudo eu. Tudo assim, parece que uma estufa. Estufa não, parece que tinha uma espuma, eles dava cachetada mesmo, sem dó mesmo, sabe? Não gosto de irmã não. Não gosto mesmo.” Moacir (filho)
10:11 “Eu tinha pouca idade, mas, tem tanta coisa. A gente comia lavagem, a gente comia comida podre, a gente comia fruta, a gente tinha que entrar na horta dos outros pra comer. Eles davam remédio pra pra gente dormir, pra não perturbar o sono deles. Ah, banho, era banho gelado.” Rosilene (filha)
10:31 “Me lembro que eu ia dormir, aí eu tinha um problema que saia sangue do meu nariz. Aí eu gritava, (inaudível), ai eu falava ‘ah meu nariz tá saindo sangue’ e ela falava ‘é assim mesmo, vai dormir’. Ai cedo eu levantava, estava tudo molhado de sangue assim, o cabelo todo duro (por causa do sangue). Ai ela olhava e falava assim ‘vai lava no banheiro’, que eu ia lá lavar naquela água fria, né?” Eduarda (filha)
10:57 “Cê imagina quem completou dezoito anos lá, sofreu demais.” Moacir (filho)
11:01 “Mas o pessoal que viveu lá muito há muitos anos, saía de lá com quinze, dezesseis anos. Essa turma aí sofreu mais do que a gente que viveu lá há pouco tempo.” Rosilene (filha)
11:12 “Lá a gente apanhava, o Salomão me bateu na minha cara, eu falei para ele que ele não podia me bater porque não era meu pai, ele foi me deu outro tapa na minha cara e me colocou de castigo, como eu e outras crianças. Nos passamos muita, muita coisa, muita tristeza.” Juraci (filha)
11:31 “Tinha um lugar lá que eles falavam que a gente não podia atravessar e eu travessei com uns colega meu lá. Comecei a ficar uma semana preso aqui, né? Só cachetada. Depois vem a comidinha procê assim ó, cê comia.” Moacir (filho)
11:46 “Que os filhos, crianças que foram separados dos pais, elas tem mais transtornos, mais danos psicossociais que os próprios ex pacientes de hanseníase” Thiago (filho)
12:57 “Elas possuem os mesmos problemas que os ex pacientes possuem, têm os mesmos traumas, as mesmas dificuldades. Tem além deles, por exemplo, tem a questão de abusos sexuais dentro da instituição, tem questão de falta de escolaridade, não tiveram oportunidade de estudar, tem questão de falta de moradia, falta de emprego, falta de renda. Tem a questão da descriminação dentro da própria colônia com eles.” Thiago (filho)
13:17 “(inaudível) Então nessa capela, as pessoas morriam e ia pra capela. Aí o enterro, a gente não sabe como eles faziam. (inaudível) trazia para enterrar na cidade. (inaudível) A gente era criança, as vezes a gente tinha que ir lá em cima, quando tinha uma luz acessa a gente passava morrendo de medo, (inaudível), ai tem criança morto, a luz ta acessa.” Maria (filha)
14:00 “Ali eu não sei se eles achou que eu tinha ideia boa para aprender alguma profissão. Mas me puseram para aprender a profissão de sapateiro. Mas eu não trabalhava só, a gente trabalhava na horta de verdura também, (inaudível).” Aquiles (filho)
14:20 “Quando eu já tava com uns dez, não, nove anos para dez, aí quando dava meio-dia até cinco horas tinha que passar roupa, com ferro no braço, até quase quinze anos passando roupa. Porque lá tinha muito neném, dos pequeninhos, dava as roupinhas assim e você tinha que passa, né? Então não era só eu não, tinha muitas meninas mas elas ficavam até a tarde inteira.” Eduarda (filha)
14:45 “Lá no preventório, lá a gente fazia (inaudível), era serviço interno para lá mesmo, não fazia serviço para fora não, porque tinha muita criança lá, né?” Aquiles (filho)
15:02 “E essas crianças não tiveram essa oportunidade de formar essa personalidade, porque elas estavam agrupadas, as centenas em instituições com poucos funcionários. Então, muitas vezes essas crianças eram sedadas, né? Com (inaudível), antidepressivos, para que elas ficassem quietas. E isso acarreta prejuízos até hoje na vida delas” Thiago (filho)
15:20 “ Umas trezentas crianças tinha, viu? Mas bem, entre homem e mulher.” Aquiles (filho)
15:28 “Então, eu trabalhava na creche, tomava conta trinta, quarenta crianças, sozinha. Era umas seis pessoas que trabalhava (inaudível), né? Quando era hora de dá banho nas crianças, ela enchia uma bacia grandona, um de cimento assim, punha água ali, dava água nas crianças. Ali, aqueles que tomando banho primeiro, com a água limpa ia tomando. Quando ia ficando aquela agua bem suja, aí soltava aquela e punha outra. Mas, dois, dois tamborzinhos daquele dava pra lavar, ó, umas vinte crianças” Maria (filha)
16:05 “Aí eles enchia a combi de criança e levava na policlínica em São Paulo e era marcado o nome das mães e dos filhos que iria ao encontro. Aí eles colocavam o meu. Eu deixava todas as mãe pegar os filhos, o que sobrasse eu saberia que era o meu. Foi assim que eu conheci ele.” Rosa (ex-interna de colônia)
16:31 “Às vezes vinha um caminhão, põe umas menina dentro, (inaudível), a gente via de longe.” Eduarda (filha)
16:39 “Que tinha aqui na colônia, que tinha um paredão de concreto. Então, os pais do lado de cá e os filhos do lado de lá, não podiam nem tocar naquela época.” Rosilene (filha)
16:48 “As vezes, meu pai pegava, via nós, e nós queria um trocado, assim, mas lá não tinha nada pra comprar, porque lá era uma escravidão. Aí tinha que passar o dinheiro na mão de um, depois na mão de outro, depois, põe na mão da gente, né?” Eduarda (filha)
17:01 “Então, eles vinham, né, visitar os pais, mas tinham que ficar só conversando. Não podia pegar na mão, não podia abraçar, não podia beijar, não podia fazer nada disso. Eu peguei, de uma certa forma, eu acho que eu peguei uma época até mais ou menos boa.” Rosilene (filha)
17:18 “Eu, com uma amiga que também já tinha um filho lá, mas ela não tinha o direito de ver, ela nunca tinha ido ver e como eu fazia tudo isso pra ver o meu filho, ela foi comigo, aí nós fomos as duas presa, quando voltamos.” Rosa (ex-interna de colônia)
17:36 “Cheguei aqui na colônia um, um escuro, ó. Aí fiquei dentro de casa uma semana preso, não podia sair para lugar nenhum. Eu doido pra sair, não saía. Aí um dia me deu na telha, eu saí. Minha mãe não viu não. Ô, pra que. Tomei uma surra. Aí começou as outras mãe falar, né? Se ele pode então vou trazer o meu também. Aí começou, virou aquela polêmica. né? Por sinal, então vou levar ele pra Belo Horizonte, na casa da minha irmã. Aí fui para Belo Horizonte e lá fiquei. Meus colegas falavam assim ‘o que sua mãe tem no pé? na mão?’ ‘Ah, foi trem’ Eles mandaram falar isso, né? Ela foi atravessar a linha do trem e cortou o pé dela’.” Moacir (filho)
18:19 “Então, cê pega uma história para fazer um comparativo, assim, muito rápido, a história do nazismo, né? As crianças lá podiam conviver com seus pais, mesmo no campo de concentração, na Colônia nem as crianças podiam conviver com suas famílias. Então são histórias bem pesadas, né? Então a gente está falando, assim, de um de uma coisa recente, da década de oitenta. Estamos falando aí de coisa de trinta anos atrás. E é totalmente desconhecida da população.” Thiago (filho)
18:45 “Aí quando eu fiz dezoito anos, onde que eu fui conhecer a Colômbia Santa Isabel, foi aonde que eu fui atrás dos meus pais, né? E eu passando na rua pra vim pra cá, minha mãe passou perto, uma senhora passou perto de mim, eu não sabia que era minha mãe, eu só conheci quando chegou numa casa aqui perto do pavilhão, onde ela ia vez em quando. Ai foi ali que eles me apresentaram quem era minha mãe.” Juraci (filha)
19:12 “Aí chegou a freira falou ‘Maria tem uma senhora aí que vieram dar, vai vocês embora’ Ai mas a gente chorou tanto? Porque nós gostava das companheiras, das irmãs, porque a gente tava acostumada. (Inaudível) Vai lá. Aí eu lembro que eu tava trabalhando na creche e tinha uma pia, aí eu pus uma cadeira, subi na pia, da pia dava para ver a portaria. Aí eu vi aquela mulher lá na portaria, tinha uma roupa preta, de transa, eu achei esquisito, não imagina que lembrava que era a mãe. Tinha perdido a feição dela.” Maria (filha)
19:47 “Foi me buscar de carro com a minha mãe e o meu pai. Hoje ele é meu padrasto. Ele foi casado com a minha mãe. E ele conta que também o que viu, eu sai de lá toda suja. Nossa, magrinha. Nossa, muito maltratada. Minha mãe chorava dia e noite, né? Aí o meu pai correu pra construir uma casa ali na cidade, ali em Três Corações, pra me tirar de lá, pra gente morar lá pra viver feliz, porque aqui não podia crianças naquela época. Rosilene (filha)
20:20 “Tem muita gente que agora que tá parecendo, não aparecia não, agora tá aparecendo os parente.” Geraldo (ex-interno de colônia)
20:26 “Hoje eu posso dizer, hoje eu tô dentro da Colônia Santa Isabel, amo esse lugar. Felizmente. Meus pais não gosta de mim. Meus irmãos são separados. Um mora em BH, outro eu nem conheço. Tem outros irmãos que eu nem sei quem são direito.” Juraci (filha)
20:53 “Mas eu não tive aquele apego de mãe. Sabe falar assim ‘ai, eu amo minha mãe’. Ela parece que nunca demonstro amor por nós também. Ela gostava dos menino, né Eduarda. Ela gostava muito dos filhos homem. Eu criei sete ou oito filho, minha mãe nunca deu um banho numa criança pra mim, nunca me deu um chá na cama. Nunca me deu um chá pra mim, nunca pegou um filho meu no colo, pelo menos assim. Nunca minha mãe pos um filho meu no colo.” Maria (filha)
21:27 “Eu não cheguei a morar com a minha mãe. Já, desde que eu comecei a minha vida por conta própria lá no educandário, já comecei por conta própria trabalhando, né? E logo casei, acho que nunca apareceu essa doença em mim, sou filho de doente, né. Mas acho que nunca deu, parecer (inaudível) qualquer coisa.” Aquiles (filho)
21:57 “Infelizmente, a gente não consegue emprego fora daqui porque as pessoas têm, quando a gente fala Colônia Santa Isabel, eles têm preconceito ainda, tem medo ainda. Então, fica difícil até pra gente.” Juraci (filha)
22:10 “Teve tempo que pessoas, corria da gente ali da Colônia. Oh meu Deus do céu. Hoje não, hoje eles tão andando no nosso meio aí.” Aquiles (filho)
22:18 “Porque nós nunca pensamos que um dia a sociedade ia chegar até nós. Nós não podia nem entrar numa loja pra comprar uma roupa. Até hoje não é na mão de todo mundo que nós pega, não é eles com medo da gente. É a gente com medo de ser rejeitada.” Rosa (ex-interna de colônia)
22:39 “Então, esse é o papel da Morhan, porque a doença é muito fácil, qualquer posto de saúde trata, o preconceito aí é parte do movimento social.” Thiago (filho)
22:10 “Então, a minha história é essa, realmente, é complicado, é triste falar disso, depois de tantos anos, a gente relembrar de tudo que a gente viveu.” Rosilene (filha)
22:59 “Revolta a gente tem, porque a gente foi separado, a gente queria viver com os pais, sentir com calor, o carinho deles entendeu? Hoje eu sei que que é isso, porque hoje eu tenho meus filhos.” Juraci (filha)

O Educandário Alzira Bley como lugar de memória

O Educandário Alzira Bley como lugar de memória

Sinopse: Documentário sobre o preventório, local onde viveram os filhos separados de pais acometidos por hanseníase, internados compulsoriamente no Hospital Colônia Pedro Fontes, em Cariacica-ES.

Laços - História dos filhos separados pela Hanseníase - Reparação Já!!!

Laços - História dos filhos separados pela Hanseníase - Reparação Já!!!

Sinopse: Filme da TV MORHAN que fala sobre a questão dos filhos separados dos pais pela política de segregação da hanseníase.

Documentário mostra a realidade de portadores de hanseníase em hospitais-colônia no Nordeste – Paredes Invisíveis II

Documentário mostra a realidade de portadores de hanseníase em hospitais-colônia no Nordeste

Sinopse: Nesta edição,o Documentação apresenta o filme Paredes Invisíveis II. O documentário dos diretores Vera Rotta e Caco Schmitt reúne depoimentos de brasileiros atingidos pela hanseníase que foram submetidos à internação compulsória em hospitais-colônia nos estados do Nordeste.

Entrevistas

Entrevista para a Rádio Justiça sobre os filhos separados pelo isolamento compulsório da hanseníase

Entrevista para a Rádio Justiça sobre os filhos separados pelo isolamento compulsório da hanseníase

Sinopse: Confira a entrevista concedida por Thiago Flores, advogado e integrante da direção nacional do Morhan, sobre as estratégias de ação que reivindicam reparação às pessoas que foram separadas de seus pais pela política de isolamento compulsório da hanseníase - os chamados "filhos separados".

Enfermeira salvava filhos de pacientes com hanseníase de exílio familiar

Enfermeira salvava filhos de pacientes com hanseníase de exílio familiar

Sinopse: Para driblar política que levava crianças para educandário sem contato com os pais, Dédima transformou sua casa de três cômodos em abrigo.

Filhas levadas pelo Estado e décadas de isolamento pela hanseníase

Filhas levadas pelo Estado e décadas de isolamento pela hanseníase

Sinopse: Aos 86 anos, Dona Santinha só lembra do peso sobre as pernas de suas duas meninas que, uma após a outra, foram carregadas pela polícia sanitária.

Lives

Reparação aos filhos separados: A imprescritibilidade das ações frente ao princípio da dignidade

Reparação aos filhos separados: A imprescritibilidade das ações frente ao princípio da dignidade

Sinopse: O tema da reparação aos filhos e filhas separados pela política de isolamento compulsório da hanseníase tem sido mobilizador de muitas ações da Rede Jurídica e de Direitos Humanos do Morhan, composta por advogados voluntários do movimento. E uma discussão fundamental que precisa ser feita é sobre a imprescritibilidade das ações relativas à reparação dos filhos. Um debate a partir do princípio da dignidade.

MORHAN(ao)VIVO 8: Luta dos filhos separados por reparação - estratégias estaduais e nacionais

MORHAN(ao)VIVO 8: Luta dos filhos separados por reparação - estratégias estaduais e nacionais

Sinopse: A luta dos filhos separados por reparação. Vamos conversar sobre como andam os PLs estaduais de São Paulo e do Rio de Janeiro, a situação em Minas Gerais, e também sobre as frentes de reivindicação nacionais: a ação civil pública, o PL e as tratativas com o executivo.

FILHOS SEPARADOS DE SEUS PAIS SOFREM E ALGUNS MORREM

FILHOS SEPARADOS DE SEUS PAIS SOFREM E ALGUNS MORREM.

Sinopse: Filhos sem os pais sofriam humilhações, agressões de todas as formas, estupros e choques.Veja tudo isso é muito mais nesses relatos de pessoas que viveram na pele tudo isso.

FILHOS SEPARADOS DE SEUS PAIS RELATAM TUDO QUE PASSARAM E EMOCIONAM A MÍDIA

FILHOS SEPARADOS DE SEUS PAIS RELATAM TUDO QUE PASSARAM E EMOCIONAM A MÍDIA

Sinopse: Relatos dos filhos que foram separados de seus pais, emocionando a mídia através de relatos reais, fortes e assombrosos.

Reportagens

História da Hanseníase no Brasil

Caminhos da Reportagem: Hanseníase - a história que o Brasil não conhece

Sinopse: O Caminhos da Reportagem exibe novamente o episódio Hanseníase, a história que o Brasil não conhece, vencedor do Prêmio Jornalista Tropical, categoria TV, oferecido pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

O programa revela histórias secretas das colônias de leprosos, de onde surgem relatos de horror, perseguições e maus tratos. Também apresenta pessoas determinadas, como Dona Conceição, que em razão da doença, viu os seis filhos serem levados de seus braços logo após o nascimento, mas nunca desistiu de os reunir.

Maus-tratos e abusos eram práticas comuns no orfanato

Maus-tratos e abusos eram práticas comuns no orfanato

Sinopse: Em Pernambuco, os filhos dos internos eram encaminhados para o Instituto Guararapes, na Várzea. O tratamento causou sequelas e ainda provoca arrepios nos que passaram por lá.

Filhos de casais com hanseníase eram torturados em orfanatos durante a Ditadura Militar

Filhos de casais com hanseníase eram torturados em orfanatos durante a Ditadura Militar

Sinopse: Mulheres grávidas com hanseníase eram afastadas dos filhos logo após o parto. Apesar de poderem permanecer com os pais doentes, as crianças eram levadas para orfanatos, onde sofriam diversos tipos de tortura física e psicológica.

Conheça a história de pessoas separadas dos pais leprosos

Conheça a história de pessoas separadas dos pais leprosos

Sinopse: Há décadas, o estigma e o preconceito da hanseníase separaram pais e filhos. Muitas crianças cresceram órfãs sem conhecer a própria origem. Hoje, a doença tem tratamento e é combatida de forma muito mais humana. Conheça a história de pessoas que separaram dos pais portadores da doença.

Filhos de hansenianos recebem primeiros resultados do teste de DNA

Filhos de hansenianos recebem primeiros resultados do teste de DNA

Sinopse: Separado aos sete meses de idade do pai biológico, que era portador de hanseníase e estava internado no Hospital Colônia Ernani Agrícola de Cruzeiro do Sul, José Cláudio Santos da Rocha, recebeu seu relatório de investigação de vínculo biológico (teste de DNA) do Movimento de Reintegração dos Hansenianos (Morhan) comprovando que é filho de Celso Lima Verde, vereador de Cruzeiro do Sul. Com ele mais nove pessoas, filhos de ex-internos do hospital-colônia, receberam os resultados do teste de DNA.

Separados dos pais que estavam isolados em leprosários, filhos buscam indenização na Justiça

Separados dos pais que estavam isolados em leprosários, filhos buscam indenização na Justiça

Sinopse: 'Foi um crime o que o Estado brasileiro cometeu', diz parteira de leprosário obrigada a entregar bebês para orfanatos. Para o MPF, política pública contra a doença existente no Brasil provocou 'grave violação de direitos humanos'.

Filhos da hanseníase - Isolamento de vítimas da doença em hospitais-colônias obrigou uma geração a crescer longe dos próprios pais

Filhos da hanseníase - Isolamento de vítimas da doença em hospitais-colônias obrigou uma geração a crescer longe dos próprios pais

Sinopse: As histórias de pessoas que foram privadas da oportunidade de serem criadas pela mãe ou pelo pai. Algumas delas foram afastadas desse convívio logo após o nascimento, sem nem ao menos um beijo, um abraço ou uma despedida. Outros perderam o contato com os pais já um pouco mais velhos, mas ainda guardam na memória a dor do abandono. O motivo para todos foi o mesmo: a hanseníase.

A história por trás do preventório de Goiânia - O Popular

A história por trás do preventório de Goiânia - O POPULAR

Sinopse: Prédio imponente sobre uma colina do Gentil Meirelles, que abrigou filhos de doentes e guarda parte da memória política isolacionista como medida para conter o avanço da hanseníase no país.

Filhos de pessoas isoladas em colônias de hanseníase lutam por reparação

Filhos de pessoas isoladas em colônias de hanseníase lutam por reparação

Sinopse: Dois projetos de lei propondo a indenização foram adiados pela terceira vez em comissões da Câmara dos Deputados.

Defensoria ajuíza ACP para reparação aos filhos de segregados pela hanseníase

Defensoria ajuíza ACP para reparação aos filhos de segregados pela hanseníase

Sinopse: A Defensoria Pública da União (DPU) coordenou atividades em defesa dos filhos afastados forçadamente de seus pais pela política de isolamento de pessoas com hanseníase, os chamados “filhos separados”. As atividades compreenderam a realização de uma audiência pública, a proposta de ação civil pública de âmbito nacional e a atuação de núcleo de pesquisadores especializado em mapeamento genético.

Documentário conta história de filhos separados dos pais pela política de isolamento compulsório de hansenianos

Documentário conta história de filhos separados dos pais pela política de isolamento compulsório de hansenianos

Sinopse: No Amazonas, durante esse período, os filhos dos hansenianos eram enviados para o Educandário Gustavo Capanema ou dados para outras famílias.

MPF/AM entra com ação para garantir reparação aos filhos separados de pais com hanseníase no Amazonas

MPF/AM entra com ação para garantir reparação aos filhos separados de pais com hanseníase no Amazonas

Sinopse: Ação pede que União e Estado do Amazonas implantem políticas de resgate e preservação da memória e a reparação dos danos causados.

Irmãs vítima de preconceito por hanseníase relatam drama

Irmãs vítimas de preconceito por Hanseníase relatam drama

Sinopse: Órfãs de pais vivos, perderam a infância para o preconceito e o desconhecido. Muitas décadas depois, elas ainda buscam respostas para o que aconteceu.

Helena Bueno, afastada de seus pais no dia do nascimento

Helena Bueno, afastada de seus pais no dia do nascimento

Sinopse: Helena Bueno Gomes foi retirada do convívio com os pais após o parto. Cresceu sem conhecer seus genitores porque eles tinham hanseníase.

Os brasileiros que foram separados à força de pais com lepra e lutam por reparação

Os brasileiros que foram separados à força de pais com lepra e lutam por reparação

Sinopse: Bebês eram retirados pelo Estado de pais, que eram pacientes de hanseníase, e eram enviados a educandários.

Depoimento: Minha mãe morreu em colônia para tratar hanseníase

Depoimento: Minha mãe morreu em colônia para tratar hanseníase

Sinopse: As primeiras memórias de infância de Helena Bueno são de quando tinha apenas seis anos. Nessa idade, ela era levada de casa em casa, não para ser parte da família, mas para trabalhar com serviços domésticos. Seus pais tinham hanseníase e estavam internados no hospital Pirapitingui, em Itu (SP). Ela foi descobrir o paradeiro deles aos 18 anos. E, somente aos 50, entendeu o que realmente havia acontecido.

Segregados

Segregados

Sinopse: Entre 1930 e 1970, milhares de brasileiros foram retirados de suas casas e segregados em hospitais-colônia por terem hanseníase, a estigmatizante lepra. Em Santa Catarina, não foi diferente. Nesta reportagem, o DC reconta esta saga a partir da história de amor que uniu Benício e Sita Pereira. Eles superaram a dor e a solidão e sonham com o fim do preconceito.

Filhos separados de pais com hanseníase vão à ONU denunciar Brasil

Filhos separados de pais com hanseníase vão à ONU denunciar Brasil

Sinopse: O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) encaminhou uma comunicação oficial às Nações Unidas, denunciando a negligência do Estado brasileiro em relação aos graves danos causados a aproximadamente 16.000 filhos que foram separados de pais com hanseníase entre as décadas de 20 e 80 no Brasil.

Precisamos falar sobre a Hanseníase e as vítimas abandonadas pelo Estado

Precisamos falar sobre a Hanseníase e as vítimas abandonadas pelo Estado

Sinopse: Dentre tantos holocaustos que ocorrem no Brasil contra minorias e populações minorizadas, como indígenas, negros e negras, mulheres, este texto abordará um aspecto da luta contra o isolamento compulsório para hanseníase na época da então chamada política de profilaxia da “lepra”. Falta-se palavras para descrever os horrores vividos por pessoas que estiveram em instituições Colônias e também dos filhos separados dos seus pais em razão da política higienista do Estado brasileiro e dos agentes de saúde que estiveram diretamente implicados nesse verdadeiro holocausto que ocorreu no Brasil.

Hanseníase – a história que o Brasil não conhece

Hanseníase – a história que o Brasil não conhece

Sinopse: O Caminhos da Reportagem exibe novamente o episódio Hanseníase, a história que o Brasil não conhece, vencedor do Prêmio Jornalista Tropical, categoria TV, oferecido pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

"Má Pele" destaca o drama de crianças no surto de hanseníase

"Má Pele" destaca o drama de crianças no surto de hanseníase

Sinopse: No início dos anos 1930, o Brasil vivia a Era Vargas, e, em meio a um surto de lepra, nome pelo qual a hanseníase era conhecida, o governo optou pela segregação compulsória dos doentes e de suas famílias. No Estado de São Paulo foram criados, como prevenção dessa enfermidade, asilos-colônia para os doentes. Em Mogi, o hospital Dr. Arnaldo Pezzutti Cavalcanti foi um deles. Estes locais eram divididos entre dispensários - onde eram realizados exames de pessoas com sintomas suspeitos, e os preventórios, destinados aos filhos saudáveis de pais com a doença.

Separados por hanseníase, filhos de vítimas buscam indenização

Separados por hanseníase, filhos de vítimas buscam indenização

Sinopse: O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan),  realizou o encontro de filhos das vítimas de hanseníase que foram separados dos pais nas décadas de 1920 e 1980 durante o tratamento compulsório em locais isolados. Alguns ficaram órfãos e lutam para receber o beneficio de quase R$ 1.200 e a indenização devido os traumas sofridos.

Minidocumentário sobre filhos separados de pais com hanseníase é lançado no CNS

Minidocumentário sobre filhos separados de pais com hanseníase é lançado no CNS

Sinopse: O minidocumentário “Infância Roubada – Memórias de filhos separados dos pais atingidos pela hanseníase” foi lançado no dia 06/12/2019 durante a reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em Brasília. O documentário foi integralmente produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Defensoria Pública da União (DPU), com o apoio do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Mohran).